Um levantamento realizado pela Product Audit, especializada em mensuração de produtos importados, revelou que a relojoaria Rolex perdeu cerca de 40% de sua participação no mercado brasileiro do ano de 2011 para o ano de 2015, com relação à quantidade de relógios importados. Os dados foram levantados nos períodos entre novembro de 2010 e outubro de 2011 e de novembro de 2014 a outubro de 2015 e levam em consideração relógios com valor de venda que superam os US$ 5 mil, com dados registrados de maneira oficial e também em portos do Brasil.
Entre 2010 e 2011, a gigante dos relógios suíços dominava as importações destes bens para o País, com uma participação de 55% do mercado. Já entre 2014 e 2015 esta participação foi reduzida para 32% – queda de 40% – sem deixar a liderança. Para o mesmo período, é possível notar o crescimento de outras importantes marcas do setor, como Cartier, Omega, IWC e Panerai, em segundo, terceiro, quinto e sexto lugar, respectivamente. Já o quarto lugar é ocupado pela Breitling, que teve sua participação do mercado de importações levemente reduzida de 9% para 8% quando comparados os anos de 2011 e 2015.
Para Carlos Abar, sócio da Product Audit, esta mudança no cenário da alta relojoaria no Brasil se deu por conta da inserção de novos players no segmento. “Marcas de acessórios de luxo também se inseriram com mais força no universo dos relógios, como Bulgari [7ª colocada no ranking em 2015], Ralph Lauren, Tiffany, entre outras”, afirma Abar. “O mesmo vale para Omega e algumas marcas do Grupo Richemont, que passaram a ter uma atuação mais intensa no mercado brasileiro, com a abertura de lojas próprias”, completa.
No entanto, um momento de crise como o que temos vivido pode não significar um período negativo para as grifes que deram início ou reforçaram o seu negócio no Brasil. “O custo de abertura de uma loja é pouco importante. A marca precisa estar naquele local, mesmo que a loja não gere lucro. Isso é um investimento de marketing, que compensa outras lojas ao redor do mundo, principalmente quando próprias”, explica Abar. “Além disso, os atuais valores de venda destes relógios no Brasil têm valido a pena por conta da variação cambial.” Exemplo disso foi a recente inauguração de uma butique exclusiva da Rolex em parceria com a joalheria Frattina, em São Paulo, no Shopping Iguatemi, a segunda da marca no Brasil. “A redução nas importações provavelmente provocou uma reação [da Rolex]”.
Dados do levantamento apresentam aumento da participação da Cartier, de 13 para 21%; Omega teve um salto de 7 para 13%; Breitling sofreu queda de 9 para 8%; IWC passou de 4 para 7%; enquanto Panerai e Bulgari não pontuavam em 2011, passaram a participar em 6 e 4%, respectivamente.
Apesar de ter registrado queda no número de peças importadas, a Breitling, por exemplo, afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que suas vendas tiveram um substancial aumento pelo fato da abertura da primeira butique da marca no País em 2014, já as demais marcas citadas no estudo não se pronunciam a respeito de números do mercado.
Os próximos colocados da pesquisa são Jaeger-LeCoultre com 3%, Audemars Piguet, Parmigiani Fleurier, Vacheron Constantin, Tiffany & Co., Piaget e Chanel, cada uma delas com 1% na participação de importações em 2015. Com exceção da Chanel, nenhuma dessas marcas chegou a 1% no volume de importações em 2011.
A mudança de cenário pode refletir o acompanhamento da Rolex com relação aos números gerais do levantamento, uma vez que é uma das marcas estabelecidas há mais tempo no Brasil: o volume total de relógios importados para o País em 2011 foi de 9.766 peças, que representam US$ 26,4 milhões, enquanto 2015 marcou 7.615 unidades, que representam US$ 18,3 milhões, uma queda de pouco mais de 30% de um período para o outro.