Além das horas mundiais, foi comum reparar uma segunda tendência no mundo da relojoaria este ano: as esqueletizações. O processo, que consiste na redução de partes do movimento a seu mínimo, permitindo a penetração de luz e visualização de outras partes normalmente ocultas do mecanismo, já é algo comum por aí. Mas algumas companhias resolveram entrar agora neste mercado.
Veja, abaixo, uma seleção com dez modelos apresentados durante a SIHH e a Baselworld de 2016, eventos que ocorreram em janeiro e março, nas cidades de Genebra e Basileia, na Suíça, respectivamente, e pautam os principais lançamentos da relojoaria e joalheria mundial ao longo de todo o ano:
Arnold & Son UTTE Skeleton
A peça é, nada menos, que o turbilhão esqueletizado mais fino do mercado. Sua caixa de ouro rosa 18 quilates possui 43 mm de diâmetro de caixa e apenas 8,34 mm de espessura. O movimento que está ali dentro possui somente 3,3 mm de espessura. Trata-se do calibre A&S220, uma versão reinventada do movimento A&S200, uma vez que sofreu uma grande modificação por conta da esqueletização do movimento. Isso exigiu uma remodelação completa da placa principal, assim como a gaiola do turbilhão, que ocupa nada menos que 14 mm da porção inferior do dial. Houve também uma nova esqueletização do barrilete de uma forma que assegurasse as 90 horas de reserva de energia proporcionadas pelo movimento. A peça possui uma decoração em côtes de Genève rayonnantes em sua placa principal e é finalizada por uma pulseira de couro de crocodilo. Seu valor sugerido é de US$ 76.750.
Bell & Ross BR 03-94 GT
O cronógrafo mecânico Bell & Ross BR 03-94 GT é um dos dois relógios apresentados pela marca inspirados no carro conceito Bell &Ross AeroGT. Muitos dos elementos do design do relógio são baseados nos apresentados no automóvel, que a marca descreve como “um carro inspirado pela aviação”. A caixa quadrada de 42 mm de largura lembra o corpo do carro em estilo fuselagem com linhas aerodinâmicas. A coroa da peça é elaborada por uma liga leve de alumínio comumente utilizada em carros esportivos.
Já o movimento esqueletizado calibre BR-CAL.319 serve não apenas para fazer com que o relógio seja mais leve, mas também permitir que o dono do relógio possa ter uma visualização dos mecanismos internos, como o veículo faz ao apresentar o motor sob uma camada de vidro fumê. O mecanismo com função cronógrafo do relógio foi desenvolvido para medir pequenos intervalos de tempo, com um ponteiro vermelho central para segundos e acumulador de 30 minutos às 9 horas e 12 horas às 6 horas.
A data é apresentada por uma janela na posição de 3 horas, já os ponteiros e indicadores ao redor do mostrador apresentam revestimento luminescente para melhor visibilidade em condições de baixa visibilidade. A região periférica do dial apresenta uma escala taquimétrica, enquanto todos os indicadores do cronógrafo – inclusive o botão de início e pausa – são apresentadas em vermelho. A peça é uma tiragem de 500 unidades.
Bulgari Octo Finissimo Skeleton
A peça conta com o movimento de corda manual BVL 128SK. Ele foi completamente esqueletizado, possui apenas 2,35 mm, mas proporciona, mesmo assim, 65 horas de reserva de energia. A placa e as pontes foram escurecidas e possuem um acabamento acetinado circular. Elas contrastam com os ponteiros de horas, minutos, pequenos segundos e indicação de reserva de energia em ouro rosa.
O mesmo material dos ponteiros é utilizado para o bisel, que complementa a caixa de 40 mm de diâmetro, que é feita de aço inoxidável com revestimento DLC preto. Outros detalhes em ouro rosa incluem a coroa e os parafusos que afixam o verso da caixa. O relógio é finalizado por uma pulseira de couro de crocodilo preto. O preço sugerido da peça é de US$ 26.900.
Clé de Cartier automatic skeleton
A caixa de 41 mm de diâmetro em paládio abriga o novo calibre 9621 MC da marca lançado na SIHH 2015 e acompanha a característica da Cartier exibindo as horas por meio de uma ponte esqueletizada, no entanto o desafio na criação deste relógio foi evitar que a massa oscilante atrapalhasse a visualização dos numerais e assim prejudicar a legibilidade do relógio.
Para se atingir este objetivo muitos ajustes foram feitos e também foi necessária a mudança de material do movimento para ouro 22 quilates para manter a inércia necessária do movimento e garantir 48 horas de reserva de energia. O novo Clé de Cartier Squelette Automatique tem previsão para ser vendido por 40.000 euros.
Cuervo y Sobrinos Historiador Squelette
A caixa elaborada em aço inoxidável de 40 mm de diâmetro e possui seus encaixes distintivamente curvos. Ela se inspira em rascunhos encontrados nas instalações – hoje abandonadas – em Havana, em Cuba. O cristal de safira duplamente curvado é uma referência àqueles usados em modelos dos anos 1950. São 11,15 mm de espessura e 30 metros de resistência sob a água, com um verso que permite a visualização do movimento. O mostrador perfurado faz a apresentação do movimento, que foi meticulosamente esqueletizado e decorado. É o movimento CYS 5084, que pega seus traços de outros modelos da linha Historiador e possui o logo da companhia aplicado na posição de 12 horas. Seus ponteiros centrais de horas e minutos contam com revestimento luminescente Super-LumiNova e o ponteiro de segundos, também central, é apresentado em vermelho. A placa principal do movimento é jateada, enquanto há gravações no estilo “Squelette” e “Cuervo y Sobrinos 1882”. Já o rotor é finalizado com uma escovação. São 25,6 mm de diâmetro do movimento, 4,6 mm de espessura. Ele conta com 25 joias e opera a 28.800 vph. São 38 horas de reserva de energia.
Eterna Skeleton 1856
A comemoração dos 160 anos de fundação da relojoaria eterna resultou no relógio que você vê na imagem acima. A peça carrega códigos de design do modelo Matic Skeleton, de 1991 que, por sua vez, se inspirava em peças da década de 1950. A caixa redonda de aço possui 42 mm de largura e 10,5 mm de espessura com laterais convexas e encaixes com dois “degraus”. O calibre de corda manual 3902M é uma das 88 variações do Calibre 39, um verdadeiro marco da Eterna, que adicionou diversas peças em sua coleção baseadas neste movimento.
Girard-Perregaux 1966 Skeleton
O calibre GP01800-0006, baseado no movimento GP1800 da companhia, foi completamente esqueletizado e tratado com um processo de galvanização para dar uma aparência acinzentada. A estrutura aberta permite visualizar partes do mecanismo que normalmente estariam invisíveis ao usuário. Agora elas podem ser vistas por ambos os lados do relógio através dos cristais de safira na frente e no verso. São 4,16 mm de espessura do movimento e 9,27 mm de espessura da caixa, que é elaborada em ouro rosa 18 quilates e possui 38 mm de espessura. O relógio é finalizado por uma pulseira de couro de crocodilo preto. Ele custa US$ 55.400. Leia mais sobre o relógio aqui.
Oris Artix Skeleton
A peça possui diversos tons de preto e cinza e seu movimento e é um dos modelos mais baratos com tais características, custando apenas US$ 2.800. Os detalhes esqueletizados do movimento permite, inclusive, ao usuário ter uma visão do rotor vermelho, uma assinatura da marca.
O calibre 734 possui, claro, corda automática, e está abrigado por uma caixa de aço com 39 mm de diâmetro. Ela oferece 100 metros de resistência sob a água. Tanto os indicadores de níquel quanto os ponteiros de horas e minutos são revestidos com material luminescente Super-LumiNova. Ele é finalizado por uma pulseira de couro preto, mas também está disponível com uma pulseira de aço.
Raymond Weil Freelancer Skeleton
Quase em competição direta com o modelo Oris, esta peça Raymond Weil custa apenas US$ 2.595. O relógio aposta no preto sobre preto, com uma caixa de 42,5 mm de diâmetro em aço com revestimento em PVD preto, mostrador preto com abertura central para visualização do movimento e pulseira em couro de vitelo preto.
Como o modelo Bulgari, este relógio possui detalhes em ouro rosa, como ponteiros, apliques. Ele é equipado com o movimento automático RW4215, que teve suas pontes decoradas com granulação circular e acabamento em rutênio. O verso rosqueado da caixa possui um cristal de safira, enquanto o dianteiro possui tratamento antiembaçante em ambos os lados. Leia mais detalhes aqui.
Roger Dubuis Excalibur Spider Skeleton Flying Tourbillon
A relojoaria é conhecida por ser pioneira na apresentação de relógios com movimentos esqueletizados, uma vez que o projeto dele já é elaborado com o foco na esqueletização e o calibre não é vazado depois de pronto, como muitas relojoarias. Roger Dubuis Excalibur Spider Skeleton Flying Tourbillon vai um pouco mais a fundo na temática de movimento aberto, usando-o não apenas para o calibre (RD505SQ de corda manual), mas também para a caixa, região periférica do dial e ponteiros. A referência “Spider”, ou aranha, vem do formato escultural do movimento, que se assemelha à construção de uma teia de aranha.
O movimento inclui, ainda, uma estrela descentralizada, marca registrada de movimentos esqueletizados da relojoaria. Outro motivo da companhia está presente: a gaiola do turbilhão em formato de cruz céltica. Além disso, todos os mecanismos da maison ostentam o Selo de Genebra, garantia de alta qualidade e resistência do movimento em 12 critérios diferentes (leia mais sobre as certificações relojoeiras aqui). O modelo da imagem, em branco, está disponível exclusivamente na nova loja de Nova York da companhia.
Os valores apresentados na matéria são sugeridos e não incluem impostos e taxas. Das marcas apresentadas, apenas Arnold & Son, Cuervo y Sobrinos, Eterna e Roger Dubuis não atuam no Brasil.